O Movimento da Qualidade teve origem na Europa Medieval, quando os artesãos e mercadores das cidades medievais começaram a se organizar e formar associações, que agregavam pessoas que tinham interesse em comuns, com base em seus negócios, como comerciantes, artistas, artesãos, entre outros, cada um controlando os segredos da tecnologia tradicionalmente transmitida, e os mistérios de seu ofício, conhecida por Guildas.

Foto: Comércio na Idade Medieval
As Guildas
As Guildas eram grupos ou comunidades internas formadas por funcionários de uma organização que compartilham interesses, conhecimentos ou habilidades específicas. Geralmente informais, os fundadores das Guildas foram mestres artesãos independentes e livres que contratavam aprendizes, e que supervisionavam as práticas de seus ofícios e comércio, em uma área específica, no final do século XIII.
As Guildas eram responsáveis por desenvolver regras rígidas de qualidade de produtos e serviços. Os comitês de inspeção aplicavam as regras, marcando mercadorias sem defeitos com um símbolo especial. Esse símbolo especial era a marca usada para rastrear a origem de itens defeituosos, mas com o tempo a marcação também se tornou sinônimo de boa reputação de um artesão. Essas marcas serviram como prova de qualidade para os clientes em toda Europa Medieval. Seu símbolo era uma brasão.
A abordagem da qualidade de fabricação foi dominante até a Revolução Industrial, no início do século XIX.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O sistema fabril com ênfase em inspeção de produtos começou na Grã Bretanha nos meados de 1750 e cresceu na Revolução Industrial no início de 1800 e a disseminação da produção em série.
Desde então, o conceito de qualidade só evoluiu, chegando nos dias atuais como um verdadeiro ativo.
Os primeiros registros de métodos consistentes de Controle da Qualidade datam dos anos 1920. Neste período, começaram a surgir nos parques industriais, os primeiros especialistas no assunto.
Inicia-se a Era 1; a Era da Inspeção. Neste momento, a Inspeção era realizada para avaliar se o produto que havia sido fabricado estava de acordo com o padrão determinado pelo fabricante.
Assim, todos os produtos passavam por esta etapa de inspeção ao final do processo produtivo.
Caso o produto não estivesse em conformidade com o padrão determinado pelo fabricante, era descartado.
O foco era no PRODUTO. Mas o descarte do produto não conforme era um desperdício enorme para a empresa, já que o produto já havia sido fabricado, e assim, apresentando um custo na sua fabricação.
Simplesmente realizar a Inspeção de toda produção final e descartar o que estava com defeito por não atender as especificações ,era altamente oneroso e, assim, uma grande soma de valores eram jogados ao vento pelas empresas.
Em um segundo momento, inicia-se a Era 2; a Era da Avaliação do processo de produção e não somente a inspeção e avalição do produto final como controle de qualidade.
Frederick W Taylor,foi um engenheiro mecânico americano, reconhecido como o criador da administração científica, também chamada de Taylorismo.
É considerado o “pai” da Administração Científica, responsável por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na gestão da administração das empresas. A contribuição que trouxe a indústria, deixou marcado seu nome na história. A aplicação de métodos científicos de gestão na manufatura resultou em uma grande redução no custo dos produtos e aumento dos salários.
Desta forma, todo processo produtivo é avaliado, gerando assim, dados durante toda produção. Não é necessário aguardar o produto final ficar pronto para poder ser retrabalhado para o produto ficar dentro do padrão estabelecido pelo fabricante.
O Ciclo Aberto de produção de Taylor consistia basicamente no seguinte: Plan, Do e See. Onde Plan era especificar como se produzir; Do era produzir conforme as especificações e See, inspecionar para ver se estava conforme. Se tivesse defeito, descartava.
Assim, o desperdício de produtos que não atende as especificações iniciais é consideravelmente diminuido.
No final da década de 30, o norte-americano Walter Andrew Shewhart, físico, engenheiro e estatístico, começou a se concentrar no controle de processos , em meados da década de 1920, tornando a qualidade relevante não apenas para o produto acabado, mas também para ps processoas que o criaram.
Shewhart reconheceu que os processos industriais produzem dados e os mesmos podem ser analisados usando técnicas estatísticas, para ver se um processo esta estável e sob controle ou se esta sendo afetado por causas especiais que devem ser corrigidas.
Ele percebe que fabricar duas peças no mesmo processo produtivo sem variação entre elas é improvável.
Ao fazer isso,Shewhart lançou as bases para gráficos de controle, que estabelece medidas mínimas e máximas na produção de cada peça. Uma ferramenta de qualidade moderna.
O CEP, Controle Estatístico de Processo é criado e Shewhart fica conhecido como o “pai” do Controle Estatístico e propõe um modelo de produção visto como um Sistema de Ciclo Fechado.
Walter A Shewhart pegou o conceito de controle de Taylor, que desenvolveu o modelo de Ciclo Aberto de Produção e fechou o ciclo.
O fechamento do Ciclo de Shewhart foi uma revolução na indústria, identificar as falhas nas inspeções para melhorar ou corrigir as especificações para que se produza melhor e diminua os desperdícios passa a ser a nova regra das empresas.
Já em um terceiro momento, inicia-se a Era 3; a Garantia da Qualidade Total.
Neste momento, percebe-se que não somente a produção que interfere na qualidade do produto final, mas todos os envolvidos na organização. É realizada uma avaliação de todos os processos e aspectos que afetam a qualidade.
Vários aspectos são avaliados, pois podem influenciar na qualidade do produto final, como por exemplo, os processos executados, fornecedores escolhidos, atendimento ao cliente, saídas de produtos e etc, surgindo um produto de alta qualidade.
O estatístico William Edward Deming, professor universitário, autor, palestrante e consultor, pega o modelo de Shewharte de Ciclo Fechado de produção e aperfeiçoa. Surge então o Ciclo de Deming ou Ciclo PDCA.
O ciclo PDCA é uma metodologia de gestão que visa promover a melhoria contínua de processos, produtos ou serviços em uma organização. O acrônimo PDCA representa quatro etapas cíclicas que devem ser seguidas para atingir esse objetivo: Planejar, Executar, Verificar e Agir. Essa metodologia é uma ferramenta poderosa para a solução de problemas, otimização de processos e alcance de metas organizacionais, pois enfatiza a coleta de dados, a análise de resultados e a adaptação das ações com base nas informações obtidas, promovendo assim a eficácia e a eficiência.
No final da 2º Guerra Mundial, o Japão estava arrasado, com indústria e economia toda destruída. Deming, junto com outros gurus da qualidade, levou suas ideias sobre gestão da qualidade para o Japão ( 1950 ) e o mesmo soube aproveitar muito bem. Assim, conseguiu se reerguer e tornou-se um país altamente tecnológico, como é conhecido até hoje.
William E Deming foi considerado o estrangeiro que gerou o maior impacto positivo sobre a indústria e a economia japonesa no século XX.
Qualidade
Nos anos 60/70, começa-se a falar sobre Controle da Qualidade, com estatística da qualidade. O controle da qualidade é um conjunto de atividades e processos realizados em uma organização para garantir que seus produtos ou serviços atendam aos padrões e requisitos estabelecidos. O objetivo principal do controle da qualidade é identificar e corrigir problemas ou defeitos em produtos ou serviços, a fim de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes e alcançar a excelência operacional.
Nos anos 80 o mercado começou a exigir a Garantia da Qualidade , ou seja, a garantia de que a empresa está entregando produtos e serviços com qualidade.
ISO
Em 1987 publica-se a 1º Norma ISO 9000, dos Sistemas de Gestão da Qualidade. Essa publicação gerou um bum no mundo todo.
A ISO 9000 surge com uma série de normas internacionais relacionadas à gestão da qualidade e sistemas de gestão da qualidade. Ela define os padrões e requisitos para garantir que uma organização atenda às necessidades e expectativas de seus clientes, além de promover a melhoria contínua em seus processos e produtos ou serviços.
A série ISO 9000 , frequentemente usada como base para estabelecer sistemas de gestão da qualidade em diversas indústrias e setores de todo mundo.
São aplicáveis a organizações de todos os tipos e tamanhos, tanto no setor público quanto privado. Elas fornecem uma estrutura para estabelecer processos eficazes, melhorar a qualidade dos produtos ou serviços, aumentar a satisfação do cliente e promover a melhoria contínua.
A certificação ISO 9001 é frequentemente buscada por organizações que desejam demonstrar seu compromisso com a qualidade e a conformidade com padrões internacionalmente reconhecidos.
Em 1994, é realizada a 1º revisão da Norma ISO, passando a ser apenas uma, Norma 9001. Ao longo dos anos, foram sendo realizadas revisões e atualmente a Norma está na 4º revisão, a ISO 9001:2015. Já está tendo conversações para uma nova revisão.
A Fundação da ISO
Antes da criação da ISO, vários países e organizações já estavam envolvidos na padronização de normas técnicas em nível nacional e regional. Um exemplo notável é a criação da American National Standards Institute (ANSI) nos Estados Unidos em 1918.
A ISO, ou Organização Internacional de Normalização (em inglês, International Organization for Standardization), é uma organização internacional independente que desenvolve e publica normas técnicas que abrangem uma ampla variedade de indústrias e setores.
A história da ISO remonta ao início do século XX, com a evolução de esforços para padronizar e normalizar processos industriais e técnicos em nível internacional. A função da ISO é promover a normatização ( padronização ) de produtos e serviços e também a gestão desses.
A ISO foi oficialmente fundada em 23 de fevereiro de 1947, quando representantes de 25 países se reuniram em Londres e estabeleceram a organização. A ISO foi criada para desenvolver normas técnicas internacionais que facilitassem o comércio e a cooperação técnica entre nações.
A sede da ISO (Organização Internacional de Normalização) está localizada em Genebra, na Suíça. Genebra é uma cidade conhecida por abrigar várias organizações internacionais, e a ISO é uma delas. A sede da ISO em Genebra é o centro de coordenação das atividades da organização e é onde ocorrem reuniões, conferências e trabalhos técnicos relacionados ao desenvolvimento e à revisão das normas internacionais.
Primeiras Normas ISO
Em 1950 surgiram as primeiras normas da ISO e foram focadas principalmente em termos de medidas e especificações técnicas. Um exemplo notável foi a ISO/R 1:1951, que estabeleceu um padrão internacional para a rosca métrica.
Durante as décadas de 1960 e 1970, a ISO expandiu suas atividades para incluir uma variedade de setores, como indústria, tecnologia, saúde, segurança e muito mais.
A década de 1980 viu a introdução da série de normas ISO 9000, que estabeleceu os padrões para sistemas de gestão da qualidade. A ISO 9001, em particular, tornou-se amplamente reconhecida e é frequentemente usada para certificação de sistemas de gestão da qualidade em todo o mundo.
Em 1990 à 2000 a ISO continuou a se expandir e desenvolver normas em diversas áreas, incluindo meio ambiente (ISO 14000), saúde e segurança ocupacional (ISO 45001), sistemas de gestão de tecnologia da informação (ISO 27001) e muitas outras.
Atualmente a ISO possui membros de mais de 160 países e publicou milhares de normas técnicas abrangendo uma ampla gama de campos. Seu objetivo permanece o mesmo: promover a padronização internacional para facilitar o comércio, melhorar a qualidade de produtos e serviços e promover a inovação.
A ISO 9001 no Brasil
O Brasil é representado na ISO pela ABNT. A ABNT é formada por comitês e particularmente na área da qualidade há o CB-025 – Comitê Brasileiro de Qualidade, que realiza estudo da normatização das Normas da Qualidade.
A ISO desempenha um papel crucial na promoção da cooperação global e na facilitação do comércio internacional, ajudando as organizações a adotar melhores práticas e alcançar a conformidade com padrões reconhecidos internacionalmente. Suas normas são amplamente utilizadas em diversas indústrias e setores, contribuindo para o desenvolvimento econômico, a segurança, a qualidade e a sustentabilidade em todo o mundo.